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Scientia Agropecuaria

Print version ISSN 2077-9917

Scientia Agropecuaria vol.8 no.3 Trujillo July/Sept 2017

http://dx.doi.org/10.17268/sci.agropecu.2017.03.11 

REVIEW

Solanáceas em sistema orgânico no Brasil: tomate, batata e physalis

Solanaceas in organic system in Brazil: tomato, potato and cape gooseberry

 

Aniela Pilar Campos de Melo1, *; Paulo Marçal Fernandes1; Carlos de Melo e Silva-Neto2; Alexsander Seleguini3

1 Universidade Federal de Goiás, Campus Samambaia, 74690-900, Goiânia, Goiás, Brazil.

2 Instituto Federal de Goiás, Campus Cidade de Goiás, 76600-000, Cidade de Goiás, Goiás, Brazil.

3 Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Campus Cidade de Iturama, 38280-000, Iturama, Minas Gerais, Brazil.


Resumo

A pesquisa científica brasileira voltada para sistemas orgânicos ainda tem sido permeada por uma lógica baseada na mera substituição de insumos. Falta um aprofundamento em relação ao reconhecimento dos componentes dos sistemas de produção (ecofisiologia; manejo e fertilidade do solo; conservação de água e solo; manejo fitossanitário) e como estes podem ser investigados de forma holística. Baseado em tais lacunas discute-se neste artigo de revisão as principais particularidades relacionadas a produção orgânica de tomate e batata, principais oleráceas da família Solanaceae, e de uma frutífera exótica potencial para sistemas orgânicos, a physalis (Physalis peruviana L.).

Palavras chave: Solanum lycopersicum L.; Solanum tuberosum L.; uchuva; agroecologia; sistemas alternativos.


Abstract

The brazilian scientific research geared towards organic systems still have been permeated by a logic based on the mere substitution of inputs. Lack a deepening in relation to recognition of components of production systems (ecophysiology; management and fertility of the soil; soil and water conservation; health management) and how these can be investigated holistically. Based on such gaps is discussed in this review article the main particularities related to organic production of tomatoes and potatoes, main oleráceas of the nightshade family, Solanaceae, and an exotic fruit potential for organic systems, the physalis (Physalis peruviana L.).

Keywords Solanum lycopersicum L.; Solanum tuberosum L.; cape gooseberry; agroecology; alternative systems.


1. Introducão

Nos últimos anos, a expansão da agricultura e do mercado de orgânicos tem sido expressiva no Brasil (Mooz e Silva, 2014; Costa et al., 2017). Alimentos frescos e processados com matérias-primas oriundas de sistemas orgânicos vêm sendo procurados principalmente devido a aspectos relacionados à saúde, segurança alimentar, ética, superioridade nutricional e meio ambiente (Lima et al., 2011; Dias et al., 2015).

O número de produtores e as áreas destinadas ao cultivo orgânico têm sido crescentes nos últimos anos. Somente no biênio 2014-2015, a quantidade de agricultores em sistemas orgânicos cresceu mais de 50% e a área já alcança mais de 750 mil hectares de produção e quase seis milhões de hectares quando se considera o montante oriundo de extrativismo (Brasil, 2016). Os principais produtos cultivados consistem em hortaliças, cana-de-açúcar, arroz, café, castanha do brasil, cacau, açaí, guaraná, palmito, mel, sucos, ovos e laticínios (Brasil, 2015).

Embora já existam sistemas de produção eficientes, com níveis satisfatórios de manejo e produção (Kamali et al., 2017), muitos ainda funcionam de forma empírica. Desta forma, há carência no ensino, pesquisa e extensão associados às particularidades presentes no sistema orgânico.

A pesquisa científica brasileira voltada para sistemas orgânicos ainda tem sido permeada por uma lógica baseada na mera substituição de insumos. Ou seja, ainda falta um aprofundamento em relação ao reconhecimento dos componentes do sistema (ecofisiologia; manejo e fertilidade do solo; conservação de água e solo; manejo fitossanitário) e como estes podem ser investigados de forma holística (Schultz, 2007; Peixoto et al., 2008; Candiotto e Meira, 2014).

Deve se frisar que além do planejamento experimental, outro gargalo na prática científica em sistemas orgânicos está associado aos métodos estatísticos. É inapropriado conduzir uma pesquisa com caráter sistêmico e integrado e discutir resultados baseados na estatística univariada (Drinkwater et al., 1995; Johansson et al., 1999). Assim, é essencial que haja um maior uso de métodos multivariados para que as respostas obtidas sejam mais abrangentes possíveis (Hagman et al., 2009; Nesbitt e Adl, 2014).

No Brasil, a participação de oleráceas no cenário produtivo orgânico é ainda incipiente, constituindo menos de 4% do total de área cultivada. Dentre estas oleráceas, as solanáceas têm grande destaque, sendo tomate e batata as duas mais importantes (Luz et al., 2007).

A produção orgânica de tomate constitui excelente oportunidade de negócio, mas é um grande desafio a produtores e cientistas devido a gargalos associados a sementes, escolha de genótipos (híbrido x polinização aberta), manejo nutricional e fitossanitário (Tu et al., 2006; Luz et al., 2007; Okada et al., 2009; Melo et al., 2009; Sediyama et al., 2014; Mansour et al., 2014). Já a produção orgânica de batata exibe fragilidades ligadas a falta de batatasemente orgânica, escolha de genótipos, manejo de nitrogênio e de doenças (Darolt et al., 2008; Hagman et al., 2009; Boiteau, 2010; Rossi et al., 2011; Pawelzik e Moller, 2014; El-Sayed et al., 2015).

Os gargalos mencionados não são exclusivos da olericultura orgânica. A produção orgânica de frutas no Brasil é extremamente incipiente. Mesmo para frutíferas de grande expressão nacional (citros, banana, mamão, manga, uva), ainda não há sistemas orgânicos de produção comercial consolidados.

Além desta demanda associada a estas frutíferas comerciais, reitera-se que os consumidores também têm buscado por frutas exóticas, com maior valor nutracêutico e versatilidade no uso (Watanabe e De Oliveira, 2014). Considerando-se que nos sistemas orgânicos deve-se buscar uma maior diversidade nos cultivos, pode-se apontar várias frutíferas exóticas (physalis, amora-preta, pitaya, granadilha) como componentes potenciais nestes sistemas de produção (Antunes et al., 2014; Mizrahi, 2014; Fisher et al., 2014).

Baseado em tais lacunas, discute-se neste artigo de revisão as principais particularidades relacionadas a produção orgânica de tomate e batata, principais oleráceas da família Solanaceae, e de uma frutífera exótica potencial para sistemas orgânicos, a physalis (Physalis peruviana L.).

2. Agricultura orgânica e pesquisa científica

As simplificações dos sistemas agrícolas por meio da adoção de monocultura e do uso exarcebado de agrotóxicos e fertilizantes de alta solubilidade tem causado sérios problemas ambientes, sociais e para a saúde pública (Chau et al., 2015; Park et al., 2015). É evidente a necessidade de rever os atuais métodos preconizados por aqueles que sejam baseados em princípios ecológicos e sustentáveis. Neste contexto, destaca-se a agricultura orgânica.

No Brasil, a Instrução Normativa n° 7 de 1999 foi o primeiro regimento legal associado à agricultura orgânica. Posteriormente, tal instrução normativa foi substituída pela Lei n° 10831 de 2003, que foi regulamentada pelo Decreto n° 6323 de 2007. Tais instruções legais propõem as principais normas e condições para produção (conversão, produção paralela, regulamentos técnicos de produção, boas práticas), comercialização (mercado interno, exportação, importação), certificação (auditoria, controle social) e fiscalização.

Estas legislações abrangem os sistemas denominados: ecológico, biodinâmico, agroecológico, natural, regenerativo, biológico e permacultural (Aquino e Assis, 2005). O regulamento da agricultura orgânica no Brasil considera todas estas vertentes como uma só, sendo todas consideradas modalidades de agricultura orgânica (Brasil, 2003).

Considera-se sistema orgânico de produção todo aquele em que a utilização de recursos naturais renováveis e não renováveis é otimizada sem detrimento da integridade cultural e econômica das comunidades rurais. Os principais objetivos da atividade consistem em: obter sustentabilidade econômica e ecológica; maximizar benefícios sociais; minimizar a dependência de fontes de energia não-renovável; priorizar no manejo o uso de métodos culturais, biológicos e mecânicos; eliminar o uso de organismos geneticamente modificados e irradiação em qualquer etapa de produção, processamento e armazenamento (Brasil, 2003; Brasil, 2007).

Nos últimos anos, a expansão da agricultura e do mercado de orgânicos tem sido expressiva no Brasil (Mooz e Silva, 2014; Costa et al., 2017). Embora já existam sistemas de produção eficientes,

muitos funcionam de forma empírica, carecendo de suporte científico para o aperfeiçoamento e maximização de etapas produtivas relacionadas a propagação, implantação, manejo, colheita e pós-colheita.

A pesquisa científica brasileira voltada para o segmento de orgânicos ainda é frágil e muitas vezes inconsistente. Ainda há uma concepção inadequada que o orgânico é sinônimo de substituição de insumos, sendo muitos trabalhos baseados simplesmente na troca de insumos "sintéticos" por "orgânicos ou biológicos" (Ceglie et al., 2016). Ou seja, persiste a lógica do sistema convencional.

Avaliando-se o período de 1990-2016, na base do Scopus, foram publicados 66 artigos contendo os termos "organic agriculture" and "Brazil". Ressalta-se que publicações com estes termos só foram encontradas a partir de 2005. 69,69% dos artigos foram publicados em língua portuguesa, 40,90% em inglês e 1,51% em alemão. A afiliação dos autores é predominantemente brasileira (80,26%). Já a pesquisa envolvendo os termos "organic agriculture" and "United States", no mesmo período, propiciou as seguintes informações: 138 artigos publicados desde 1990, 100% em inglês, sendo 85% dos autores americanos. Estes dados demonstram que a divulgação dos trabalhos científicos associados a agricultura orgânica no Brasil é muito recente e pequena em relação a países com tradição na atividade, como os Estados Unidos.

Enfatiza-se que a pesquisa científica em sistemas orgânicos deve ser permeada por um olhar trans e multidisciplinar. A construção de um sistema sustentável de produção depende de quatro pontos-chave: ecofisiologia; manejo e fertilidade do solo; conservação de água e solo; manejo fitossanitário (Schultz, 2007; Peixoto et al., 2008; Candiotto e Meira, 2014; Bonanomi et al., 2016). A pesquisa deve ser planejada e conduzida de tal forma que contemple estes quatro temas de forma sistêmica e integrada.

Deve se frisar que além do planejamento experimental, outro aspecto fundamental na prática científica em sistemas orgânicos está associado aos métodos estatísticos. É inapropriado conduzir uma pesquisa com caráter sistêmico e integrado e discutir resultados baseados na estatística univariada (Drinkwater et al., 1995; Johansson et al., 1999). Assim, é essencial que haja um maior uso da estatística multivariada para que as respostas obtidas sejam mais abrangentes possíveis (Hagman et al., 2009; Nesbitt e Adl, 2014).

3. Produção orgânica de tomate

No Brasil, a participação de oleráceas no mercado de orgânicos é ainda incipiente, constituindo menos de 4% do total de área cultivada. Dentre as hortaliças cultivadas, o tomate (Solanum lycopersicum L.) constitui uma excelente oportunidade de negócio e um grande desafio aos produtores e cientistas. Características gerais do cultivo de tomate orgânico são encontradas em Luz et al. (2007).

O tomate de mesa é muito consumido in natura. Os consumidores têm estado cada vez mais preocupados e conscientes em relação ao consumo indireto de agrotóxicos por meio de alimentos contaminados. Assim, o tomate é uma das hortaliças mais procuradas para consumo em mercados orgânicos.

A produção de tomate orgânico apresenta alguns gargalos relacionados a cultivares, escassez na oferta de sementes orgânicas e aos manejos hídrico, nutricional e fitossanitário (Tu et al., 2006; Luz et al., 2007; Okada et al., 2009; Melo et al., 2009; Sediyama et al., 2014; Mansour et al., 2014). Tais dificuldades podem ser maiores ou menores em função do ambiente de produção (campo aberto/ambiente protegido) e do clima.

Com relação às cultivares, existem alguns programas de melhoramento genético no Brasil voltados para a obtenção de genótipos apropriados a sistema orgânico. Até o momento há poucos materiais recomendados, sendo alguns híbridos (Carmem, Gisele, Saladinha Plus, Duradoro HEM 11 e HEM 059) em avaliação pela Embrapa

Hortaliças (Grupo de Agricultura Orgânica e Agroecologia, 2016).

O uso de híbridos em sistema orgânico é considerado controverso. No cultivo orgânico deve-se preconizar genótipos que demandam menos insumos e que sejam mais resistentes a estresses bióticos e abióticos (Grupo de Agricultura Orgânica e Agroecologia, 2016). No entanto, vários trabalhos tem mostrado uma boa adaptabilidade de híbridos à sistemas orgânicos com elevada produtividade, tais como: Sahel, San Vito e Jane (Rossi et al., 2011); Marguerita (Toledo et al., 2011) e Ellus (Melo et al., 2015 a).

Outra opção interessante consiste no resgate de cultivares oriundas de polinização livre (F1) ou cultivares tradicionais em desuso. Vários materiais possuem bom potencial produtivo, tolerância a doenças e pragas bem como características organolépticas muito apreciadas pelos consumidores (Healy et al., 2017). Assim, é fundamental que estudos sejam ampliados para verificar a potencialidade de distintos genótipos na tomaticultura orgânica.

A fitossanidade em tomate pode ser um grande limitante a produção em sistemas orgânicos. Mesmo em ambiente protegido, o índice de danos a frutos por pragas pode alcançar 25% (Melo et al., 2009). Estas pragas correspondem principalmente a brocas (pequena Neoleucinodes elegantalis (Guenée); grande Helicoverpa zea (Boddie)), traça (Tuta absoluta (Meyrick)) e percevejo (Phthia picta (Drury)). Para Melo et al. (2009), o maior desafio a ser vencido para maximizar a produtividade nos sistemas orgânicos é o manejo de pragas.

Drinkwater et al. (1995) relatam que a maior eficiência no manejo de pragas consiste no uso de práticas culturais associadas ao emprego de agentes de controle biológico, como Bacillus thuringiensis (Berliner 1915). Este manejo potencializa a abundância de inimigos naturais (predadores e parasitóides) por proporcionar maior diversidade de alimentos e maior refúgio vegetacional.

As práticas culturais têm impacto direto na ecofisiologia da planta (Andreote e Van Elsas, 2013; Fahad et al., 2015; Ahammed et al., 2015). Plantas de tomate presentes em solos equilibrados, sem excesso ou deficiência de água, nutrientes e matéria orgânica, exibem maior tolerância e competitividade em relação à pragas, doenças e plantas daninhas (Summers et al., 2014; Yang et al., 2015). Essas relações também são apontadas pela teoria da Trofobiose, não somente para plantas de tomate. Reitera-se que esta maior tolerância é reflexo do equilíbrio entre metabolismo primário e secundário, proporcionando maior biossíntese de componentes associados a antibiose, antixenose e bloqueio de infecções causadas por patógenos.

O manejo de pragas é um processo biológico e, portanto inter-relacionado a sustentabilidade do solo. Assim, Drinkwater et al. (1995) relacionam de forma direta a sobrevivência/fecundidade de herbívoros em função do teor de nitrogênio na folha, principalmente em plantas excessivamente adubadas.

Plantas de tomate em sistema orgânico são afetadas por doenças radiculares e de parte aérea ocasionadas por fungos, bactérias, vírus e nematoides. As mais frequentes correspondem a mildio (Pythium sp.), podridão cinzenta (Botrytis cinérea (De Bary) Whetzel, 1945) e requeima (Phytophthora infestans (Mont.) de Bary). O manejo de doenças deve ser permeado por práticas relacionadas à: localização e área de plantio; transplantio de mudas livres de doenças; controle ambiental das condições de crescimento; inspeção regular de plantas; manejo de fertilidade e irrigação; manejo de vetores; destruição de plantas doentes e uso de genótipos resistentes.

Vários trabalhos têm mostrado que o componente mais importante no manejo de doenças consiste em atributos do solo. Muitas interações entre planta-patógeno dependem das relações entre atividade microbiana e composição do solo. Tu et al. (2006) descrevem que o sistema orgânico de produção de tomate promove benefícios a estrutura do solo, aumenta a biodiversidade, mitiga estresses ambientais e consequentemente aumenta a qualidade e segurança alimentar.

Conforme Drinkwater et al. (1995), práticas de fertilidade afetam de forma direta a dinâmica de C e N e possuem efeito cascata nas relações planta-patógeno e planta-herbívoro. Quando as práticas culturais propiciam um aumento do reservatório de C nos solos há um aumento da atividade microbiana em solos orgânicos, contribuindo para a supressividade de patógenos radiculares devido ao antagonismo microbiano, principalmente resultante da atividade de actinomicetos.

Okada et al. (2009) relatam que a diversidade na comunidade de nematoides é influenciada pelo pH e densidade de solo. A abundância de nematoides predadores é maior em sistemas orgânicos que convencionais. Zuba et al. (2011) apontam que o uso de adubos orgânicos desfavorece a incidência de podridão bacteriana ocasionada por Ralstonia solanacearum (Smith, 1896).

Mesmo com gargalos associados a propagação, cultivares e manejo nutricional, fitossanitário e hídrico, as produtividades de plantas de tomate em sistema orgânico são muito semelhantes às encontradas em sistemas convencionais. Luz et al. (2007) encontraram em sistemas orgânicos produtividades de 4 kg por planta. Em sistemas convencionais, as produtividades variaram conforme a estação, sendo de 3 4 kg por planta no verão e 4 5 kg por planta no inverno. Além disso, os custos de produção em sistemas orgânicos são 17,1% mais baixos que em sistemas convencionais. A lucratividade em sistemas orgânicos é 113,6% maior que a obtida em cultivo convencional (Luz et al., 2007).

4. Produção orgânica de batata

Arroz, trigo, milho e batata são considerados os alimentos mais difundidos em todos os continentes (Skrabule et al., 2013). A batata (Solanum tuberosum L.) é uma das hortaliças mais cultivadas no mundo e destaca-se economicamente, socialmente e nutricionalmente (Haverkort et al., 2013). Tubérculos de batata são versáteis nutricionalmente devido ao alto teor energético, proteico, vitamínico e mineral (Love e Pavek, 2008).

O cultivo convencional de batata tem baixa sustentabilidade ambiental (Pawelzik e Moller, 2014). Vários componentes estão associados a esta vulnerabilidade: elevado uso de agrotóxicos e fertilizantes de alta solubilidade; intensa movimentação de solo no plantio e na colheita aumentando o potencial erosivo; baixa heterogeneidade genética dos materiais cultivados (Pawelzik e Moller, 2014). Desta forma, é essencial buscar alternativas para os sistemas de produção preconizados para a produção de batata no mundo. E a produção orgânica pode ser uma boa alternativa (Das et al., 2017; Lin et al., 2017).

O cultivo orgânico de batata ainda é muito incipiente no mundo. Há poucas áreas de produção, localizadas majoritariamente na Europa e Estados Unidos (Greenway et al., 2011), predominantemente presentes em pequenas propriedades de base familiar. Trata-se de um importante componente no sistema de rotação de culturas nestas unidades de produção. No Brasil, o cultivo é muito pequeno e restrito aos estados de São Paulo, Distrito Federal, Paraná e Santa Catarina. As principais características do cultivo orgânico de batata na Região Metropolitana de Curitiba são descritos por Darolt et al. (2008).

A produtividade européia em áreas orgânicas equivale a 70 80% da obtida em áreas convencionais. No Brasil, esta equivalência varia de 51-75% (Darolt et al., 2008). Estas diferenças na produtividade são atribuídas a fatores nutricionais e fitossanitários. Darolt et al. (2008) aponta que as altas produtividades encontradas em sistemas convencionais são resultantes do "in put" decorrentes de insumos sintéticos, principalmente fertilizantes e agrotóxicos. No sistema orgânico, ainda há dificuldades associadas ao manejo de nitrogênio, pragas e doenças (Hagman et al., 2009; Boiteau, 2010). Além disso, outro gargalo importante está associado a oferta insuficiente de tubérculos-semente orgânicos disponíveis para plantio.

O manejo de nitrogênio (N) é essencial para o crescimento, desenvolvimento e produtividade de plantas de batata. Este nutriente precisa ser fornecido de tal forma a sincronizar "disponibilidade e demanda" durante as diferentes fases fenológicas da cultura (Hagman et al., 2009). Em sistemas orgânicos, o fornecimento de N deve ocorrer a curto e longo prazo (Pawelzik e Moller, 2014). As principais fontes usadas correspondem a estercos, compostos, biofertilizantes e adubos verdes.

Hagman et al. (2009) relatam um efeito a longo-prazo da aplicação de estercos em rotação de culturas na qualidade de tubérculos. Estes autores relatam que ao longo das rotações a disponibilidade de nutrientes vai aumentando. A curto-prazo, a liberação de nutrientes é muito lenta e não atende a demanda da cultura nas fases de maior crescimento.

Pawelzik e Moller (2014) apontam que a incorporação de Crotalaria juncea L. juntamente com esterco antes do plantio de batata afeta positivamente a produtividade e qualidade de tubérculos. Estes autores descrevem o cultivo de batata como impactante negativamente a estrutura e biologia do solo. Assim, é fundamental racionalizar os arranjos na rotação para reverter à degradação do solo. Uma das opções mais interessante consiste na rotação com grãos e forrageira. Este arranjo possibilita o aumento do teor de matéria orgânica, restabelecendo os atributos biológicos do solo (Pawelzik e Moller, 2014).

Além destes fatores associados aos efeitos relacionados a rotação e fertilização de culturas anteriores a batata, ainda são necessários estudos para definir se há necessidade de adubação de cobertura. Tal prática não é comum em sistemas orgânicos, porque comumente as adubações são restritas ao plantio.

El-Sayed et al. (2015) relatam tempo mínimo de três anos de uso de compostos em sistemas de rotação de culturas para ocasionar incremento na produtividade de batata bem como melhoria das propriedades físico-químicas de solo. Segundo estes autores, uma opção mais rápida para prover a suficiência nutricional de plantas de batata consiste no emprego de biofertilizantes.

Biofertilizantes formados por microorganismos fixadores de nitrogênio (Azospirillum e Azotobacter), bactérias dissolvedoras de P (Bacillus megaterium de Bary 1884 e micorrizas vesicularesarbusculares) e bactérias dissolvedoras de K (Bacillus cereus Frankland & Frankland, 1887) quando aplicados imediatamente após o plantio juntamente com rocha fosfática, feldspato e compostos propiciaram produtividades semelhantes às encontradas em sistemas convencionais (El-Sayed et al., 2015).

A combinação de microorganismos ocasiona vários efeitos positivos associados à: microorganismos presentes nos biofertilizantes solubilizam fosfatos de baixa solubilidade por meio da produção de ácidos orgânicos; há estimulo para a síntese de hormônios (citocininas, giberelinas e auxinas) favorecendo crescimento e desenvolvimento; Azotobacter é capaz de converter nitrogênio em amônia, tornandoo disponível à planta. Além disso, esta bactéria tem potencial anti-fungico por produzir compostos prejudicais a muitos fungos causadores de doenças na batateira. Já Azospirillum provoca maior laterilização radicular e abundância de pêlos absorventes. A maior superfície radicular culmina em maior volume de exploração de água e nutrientes no solo (El-Sayed et al., 2015).

A batateira é uma das culturas mais impactadas por pragas e patógenos (Pawelzik e Moller, 2014). As pragas estão associadas a parte aérea e ao solo, e as mais frequentes correspondem a: afídeos (Myzus persicae (Sulzer), Macrosiphum euphorbiae (Thomas); Aphis gossypii (Glover) e Aulacorthum solani (Kltb.)); mosca-minadora (Liriomyza huidobrensis Blanchard); traça (Phthorimaea operculetta Zeller); burrinho (Epicauta atomaria Germar); cigarrinha (Empoasca spp.); ácaro-branco (Polyphagotarsonemus latus Banks); vaquinha (Diabrotica speciosa Germar); larva-arame (Conoderus spp.); pulga-do-fumo (Epitrix spp.); corós (Dyscinetus spp., Eutheola spp., Dilobderus spp., Cyclocephala spp. e Phytalus spp.) e lagarta-rosca (Agrotis ipslon Hufnagel) (Furiatti et al., 2003).

As doenças mais comuns estão relacionadas a nematoides (Globodera spp., Meloidogyne spp.), viroses, fungos (Alternaria solani Sorauer, 1896; Phytophthora infestans (Mont.) de Bary; Rhizoctonia solani J.G. Kühn 1858) e bactérias (Erwinia spp.) (Rossi et al., 2011). Em sistemas orgânicos, as doenças mais importantes são requeima (P. infestans) e pinta-preta (A. solani).

Em sistemas convencionais de produção de batata no Canadá são necessários de duas a quatro aplicações de inseticidas e oito a dez aplicações com fungicidas por ciclo (Pawelzik e Moller, 2014). Na América do Norte, o ataque de insetos pode reduzir a produtividade em 30 a 50% se nenhuma prática de manejo for adotada. Quando o manejo é preconizado de forma correta e equilibrada as perdas caem para 3% (Boiteau, 2010).

Em sistemas orgânicos, o manejo de pragas e doenças é baseado em integração de práticas associadas a fertilidade, condição hídrica e climática, controle biológico, uso de genótipos resistentes e produtos alternativos (homeopatia vegetal) (Olanya et al., 2006; Rossi et al., 2011). Especificamente para pragas, três práticas culturais são essenciais: rotação de culturas, mulching e principalmente a saúde do solo (Boiteau, 2010). Phelan et al. (1996) afirmam que plantas de batata que crescem em solos manejados em sistemas orgânicos possuem mais condições de expressar tolerância ou resistência a pragas.

5. Produção orgânica de physalis

O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de frutas (Fachinello et al., 2011). Trata-se de uma atividade de grande impacto social e econômico (Moura e De Oliveira, 2013). É o ramo no setor rural que mais emprega. Estima-se que cada hectare com fruticultura gere dois a cinco empregos diretos ou indiretos.

A área de produção brasileira corresponde a 2,5 milhões de hectares e a produção equivale a 43 milhões de toneladas (Silveira et al., 2011). Esta produção é bastante diversificada e envolve frutas tropicais (banana, manga, caju, abacaxi, coco, mamão, maracujá), subtropicais (citros, caqui, figo, atemoia, goiaba, pinha, nêspera), temperadas (uva, pêssego, maçã, ameixa, pêra), nativas (cacau, guaraná, açaí, castanha do Brasil, cupuaçu, pequi, baru, mangaba, araticum) e exóticas (physalis, amora-preta, framboesa, rambutan, granadilha, romã, nogueira macadâmia, pitaya, lichia, mirtilo, sapoti, tamarillo, damasco, mangostão).

O consumo per capita de frutas dos brasileiros ainda é muito baixo, cerca de 28 kg habitante ano-1 (Silveira et al., 2011). Tal taxa equivale a 1/5 do consumo per capita de europeus e norteamericanos (140 kg 150 kg habitante ano-1). No Brasil, o consumo de frutas está altamente atrelado a fonte de renda, sendo que a classe A (renda superior a quinze salários mínimos) tem consumo de 51 kg habitante ano-1 (Silveira et al., 2011).

A oferta de algumas frutíferas exóticas tem crescido nos principais centros atacadistas do país (Watanabe e De Oliveira, 2014). Isso decorre principalmente do sabor, textura, coloração e aromas diferenciados, únicos e personalísticos. Além disso, são frutas com alto valor nutracêutico devido ao elevado teor de substâncias antioxidantes, vitaminas e minerais (Contréras-Calderón et al., 2011; Costa et al., 2013; Ellong et al., 2015; Ho e Bhat, 2015; Olivares-Tenório et al., 2017).

O termo "exótico" também deriva do baixo volume comercializado em relação a outras de grande volume, como banana, citros e mamão (Watanabe e De Oliveira, 2014). Em 2012, o setor de frutas da Ceagesp, maior polo atacadista de hortifruti da América Latina, movimentou mais de 1 milhão e 800 mil toneladas, sendo 12000 toneladas de frutas exóticas, representando apenas 0,65% do total comercializado (Watanabe e De Oliveira, 2014).

Uma frutífera exótica de grande valor nutricional e econômico que está sendo incorporada aos plantios de pequenas frutas é a physalis (Physalis peruviana L.), também conhecida como uchuva ou cape gooseberry. Esta é uma fruta exótica no nome, aparência, sabor e preço (Rufato et al., 2008). A comercialização ocorre in natura ou processada na forma de sucos, geleias, doces, purês, compotas, molhos, polpas e desidratados (Erkaya et al., 2012; Ramadan et al., 2012).

O nome "physalis" deriva do grego "physa" que significa bolha ou bexiga devido ao fato das bagas estarem inseridas dentro de um cálice (Betancourt et al., 2008). Trata-se de um gênero originário da região entre os Andes Peruanos e Equatorianos e pertencente a Família Solanaceae. São mais de 70 espécies pertencentes ao gênero Physalis, sendo algumas espécies consideradas tóxicas (Morton e Russel, 1954).

O cultivo comercial de physalis iniciou-se em 1985 na Colômbia. Atualmente este país é o maior produtor mundial (10700 toneladas), sendo a produção destinada ao mercado interno e externo. Trata-se da segunda fruta mais exportada do país, ficando atrás somente da banana (Fischer et al., 2014).

O cultivo no Brasil iniciou-se experimentalmente em 1999 na estação experimental de Santa Luzia em São Paulo. Em 2008, cultivos comerciais foram preconizados no sul e sudeste, nos estados de Santa Catarina (Fraiburgo, Urupema e Lages), Rio Grande do Sul (Vacaria, Roca Sales, Carazinho e Áurea) e sul de Minas Gerais (Camanducaia) (Rufato et al., 2008; Muniz et al., 2011).

A produção brasileira é muita pequena, sendo cerca de duas a três toneladas anuais (Muniz et al., 2011). A comercialização ocorre principalmente em mercados sofisticados de São Paulo e Rio de Janeiro. Além disso, também há importação da Colômbia para atender a demanda interna. Desta forma, o aumento da área de produção no Brasil poderia transformá-lo de importador a exportador em médio a curto prazo (Rufato et al., 2008).

Aspectos relacionados a socioeconomia, botânica, variedades e ecotipos, ecofisiologia, valor nutracêutico de frutos, propagação, cultivo, tutoramento, sistemas de condução, poda, manejo de fertilidade e irrigação, proteção de plantas, colheita, pós-colheita, processamento e comercialização são descritos por: Rufato et al. (2008), Muniz et al. (2011), Lima et al. (2012), Lima et al. (2013), Rodrigues et al. (2013), Betemps et al. (2014), Muniz et al. (2014), Fischer et al. (2014), Sbrussi et al. (2014) e Melo et al. (2015b), Balaguera-López et al. (2016), Park et al. (2016), Souza et al. (2016), D´Angelo et al. (2017) e Silva et al. (2017). No entanto, muitas das informações técnicas preconizadas para a physalis no Brasil são adaptadas de práticas colombianas. Ainda são necessários muitos estudos para verificar a viabilidade de cultivo em outras regiões brasileiras e consequentemente a definição de gargalos e oportunidades associadas a esta frutífera exótica.

O cultivo orgânico de frutas no Brasil é extremamente incipiente. O único cultivo orgânico de physalis no país ocorre em Camanducaia, em Minas Gerais. A produção é de 40 a 50 kg por semana voltada para a comercialização in natura e fabricação de geléia gourmet. Características gerais de cultivo orgânico de physalis são descritas na Tabela 1.

6. Perspectivas futuras

A pesquisa em agricultura orgânica é urgente frente ao crescimento do mercado e da demanda dos consumidores. Ressaltase que é imprescindível que haja uma consonância entre o setor científico, agricultores e processadores para a geração de conhecimentos úteis e aplicáveis.

Especificamente para a produção de tomate orgânico, a caracterização de cultivares precisa ser delineada juntamente com o segmento de sementes. No Brasil, muitos produtores usam sementes conven-cionais na produção orgânica. Algumas certificadoras internacionais já ensaiam nos EUA e Europa a obrigatoriedade do uso de material de propagação orgânico. Assim, a linha de caracterização morfoa-gronômica precisa ser ampliada com um viés para a propagação. Por fim, é impor-tante ressaltar que não adianta identificar materiais potenciais para o sistema orgânico se não houver sementes disponíveis.

Para a produção de batata orgânica o cenário é bastante complexo. Mesmo na Europa, ainda é uma cultura que tem apresentado desempenho insatisfatório do ponto de vista ambiental pelas altas emissões de CO2 e N2O (fatores de emissão) tanto em sistemas orgânicos quanto convencionais. Esta é uma cultura que necessita de muita pesquisa devido a complexidade ecofisiológica, a demanda de nutrientes e pela dificuldade no manejo fitossanitário. E isso deve ser feito nas condições edafoclimáticas brasileiras e preferencialmente em ambiente protegido. A consolidação do cultivo orgânico de physalis depende da condução de pesquisas associadas à aspectos fitotécnicos, fitossanitários e genéticos. Deve-se delinear manejos de acordo com as condições climáticas brasileiras. Ressalta-se que as atuais regiões de cultivo, sudeste e sul, possuem dinâmicas climáticas distintas e isso impacta a produção e o manejo. Outro aspecto que deve ser investigado é o melhoramento desta planta visando obter híbridos e cultivares para as condições brasileiras.

7. Conclusões

A produção orgânica de tomate, batata e physalis têm grande potencial no Brasil. Trata-se de três culturas com grande aceitação pelo consumidor e com alta versatilidade de uso. No entanto, a viabilização destes plantios demanda pesquisas em sistemas orgânicos consolidados em que se devem integrar aspectos fitotécnicos, fitossanitários e genéticos para que inferências mais amplas possam ser obtidas e utilizadas para a otimização destes cultivos.

 

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Corresponding author
E-mail:
aniela.pcdmelo@gmail.com (A. de Melo)

 

Received February 12, 2017.
Accepted
May 23, 2017.

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